sábado, 10 de julho de 2010

NOVOS CAMINHOS DA MINHA ARTRITE

Já faz um ano e sete meses que recebi a confirmação e iniciei o tratamento da artrite reumatóide. Tive meses de intensa dor (poliartrite) que só passaram com alta dose de cortisona. A cara embolachada destoava do corpo magro. Desde maio minha reumato foi reduzindo lentamente a cortisona. Estou tomando só 3mg de Calcort. A dor e o inchaço voltaram fortes mas somente na mão esquerda. Tive em maio uma preocupação porque ao auscultar meu pulmão ela encontrou chiado nos 2 pulmões inteiros sem que eu tivesse quadro clínico para corresponder. Pediu uma radiografia mas estava tudo bem. 


O exame do campo visual e a retinografia também apresentaram problemas. Supomos que fosse da cloroquina. O oftalmo descartou e atribuiu a alteração à idade. Mesmo assim, pediu para que eu repita o exame em agosto. 

A melhor coisa que fiz foi conseguir trocar de reumato. Fazer consultas com o Dr. Genésio, à distância, fica difícil. Então, como não posso deixar de tomar os remédios porque os efeitos estão à vista (inchaço, dor), preciso ir ao reumato pelo menos a cada 3 meses.

O corticóide elevou minha pressão, minha glicose e precisei fazer um maior controle na dieta e nos exercícios.

Mas como dizia, a mudança de reumato foi não só necessária mas compulsória.

Quando a artrite me apareceu não conseguia marcar consulta com os 4 únicos reumatos que atendem meu convênio, a UNIMED.

Um estava doente, outro com muitos pacientes, outro saindo da UNIMED. Sobrou apenas um que atendia muita gente até aos sábados mas me colocou na sua lista.

Já de cara ao entrar no consultório, não gostei do jeito dele. Mal levantou a cabeça e me olhou levantando os olhos como alguém tímido e envergonhado. Na verdade, indiferente. Perguntou os dados pessoais e o que me levou à consulta. Mostrei os dedos inchados e as radiografias que o ortopedista tirou encaminhando para um reumato.

Simplesmente pegou meus dedos, apertou e disse: é, parece que é artrite reumatóide. Depois escreveu várias coisas e me deu uma receita cheia de remédios e outro pedido de exame de sangue e mais um que o convênio não cobre para ter certeza mesmo que era AR.

E me despachou. Eu mesma me levantei e abri a porta quando ouvi-o dizer: não foge não, hein!

Voltei com os resultados dos exames que confirmavam a AR. Ele só me mandou continuar com os remédios e me deu novos pedidos de exame para levar um mês depois.

Como já ia me despachar - mudo e com o olhar desconfiado de sempre - teve que me ouvir.

Disse-lhe que não tinha me sentido bem com a consulta porque esperava que ele interagisse mais com o paciente. Que ele não tinha me dito nada sobre a doença nem da importância da medicação e dos exames. Mudo fazia a análise das mãos, tirava a pressão, auscultava o pulmão e mudo sentava para prescrever os remédios e os exames. 

Ele virou-se e perguntou: o que a senhora quer saber? Ora, o que um paciente quer saber? Se é grave, se tem cura, qual o estágio, como é a evolução. Por que precisa fazer tantos exames? E tomar tantos remédios?

A senhora já sabe alguma coisa? Sim, respondi. Mas achava que quem tinha que me informar era o senhor, como meu médico. Sendo uma doença que exige contato frequente com o médico, nada mais justo que eu saiba o que está acontecendo comigo. Comentei que tinha lido na internet várias coisas. Ele então encerrou dizendo: então por que está me perguntando?

Mas de um jeito tão seco. Sai da consulta triste e amargurada. Carregar uma doença como a AR e ainda ter que ficar refém de um médico nada acolhedor é dose.

Tentei mais uma vez os outros médicos. Nada. Fiquei com ele 14 meses. Cada vez que saia da consulta lamentava não ter seu apoio. Uma secura e seriedade só. 

Comentei com um dos médicos da equipe de hematologia que cuidou do câncer do meu marido e ele me disse que era assim até com os colegas. Mas que era um bom profissional. 

A gota d'água fez a indignidade transbordar quando passei 3 meses sem aparecer. Tinha viajado para o exterior por 2 meses e na volta fui direto para o Rio resolver problemas da família. Aí veio Natal, Ano Novo. Só quando voltei pra casa em minha cidade fui marcar nova consulta.  

Enquanto isso, no Rio, fiz uma consulta para acompanhamento com o médico de minha irmã que trata a artrose. Ele olhou meus exames, conversou muito comigo, foi de uma atenção extrema.
Mas não posso ter um médico no Rio. Quando contei a ele que tinha ido a outro reumato ele vociferou. Primeiro já tinha estourado quando entrei. Logo foi falando sem esperar que eu me justificasse:
- Se é pra sumir todo esse tempo eu não vou tratá-la. Simplesmente disse assim que me viu que não queria tratar de paciente que aparecia quando quer. 
Poderia ter me perguntado o que tinha havido, ouvir meu lado sem inferir antecipadamente que eu sumi porque quis. 

Tentei explicar a viagem, a ausência necessária, a consulta, e que eu tinha tomado todos os remédios direitinho nesse período. Ele não queria saber. Então, disse-lhe firme mas com uma vontade enorme de chorar: Doutor, eu preciso de um reumato aqui na cidade onde moro. Mas ele precisa entender que eu viajo muito e não poderei atender seu cronograma sempre. Se o senhor quiser ser meu médico tudo bem mas terá que ser assim. Ele me deu os pedidos de exames e perguntou se eu tinha tomado um dos remédios como mandou. Quando fui explicar ele me cortou, ríspido: tomou ou não tomou? 

-Tomei - respondi, quieta, recolhendo o material na mesa. Levantei-me imediatamente, despedi-me com um seco e sério boa tarde, agradeci e saí, segurando as lágrimas. Como pode um médico que atende um paciente com uma doença tão séria tratar a gente desse jeito? Em direção ao carro tomei a decisão de nunca mais voltar àquele médico. 

Em casa, contei ao meu marido que já sabia da minha insatisfação desde o início e me estimulou a ir, se preciso fosse, fazer a consulta em São Paulo, a 100km de nossa cidade. 

Mas naquela semana, tentando mais uma vez falar com os outros dois médicos, tive uma outra decepção. Cansada do telefone de um deles só dar ocupado, resolvi ir pessoalmente para explicar minha necessidade. A recepcionista disse que não podia deixar o telefone eternamente no gancho porque senão não fazia mais nada, então ela tira o telefone do gancho, por isso só dá ocupado.  

Quando falei que tinha AR e que precisava fazer uma consulta com o doutor ela simples e grosseiramente foi me descartando:
- Ih, o doutor não pega mais nenhum paciente. Tá com a quota completa.

Insisti se podia ficar em uma fila de espera. Ela repetiu com a cara fechada:

-A fila de espera já tem 12 e não vou por mais ninguém. A senhora não entendeu o que eu disse? Ele não vai pegar nenhum paciente novo mais.

Parecia um leão-de-chácara barrando-me à entrada de algum lugar importante, como se eu é que estivesse sendo inconveniente.

Senti-me ali, uma formiguinha, humilhada, desprezada percebendo a falta de compaixão de uma pessoa que, na posição que ocupa, poderia ser mais branda, mais atenciosa, sabendo que o paciente não quer ser tratado como vítima mas também não precisa ser tão mal-educada. Afinal, eu não a tratei mal. Falo baixo, com jeitinho, educadamente. Quando a pessoa se desequilibra, limito-me a olhar com pena para ela e para não entrar na mesma sintonia, saio do local. Talvez se eu fosse daquelas estúpidas, que rodasse a baiana, começasse a falar alto, gritando, reclamando, eles fossem mais cuidadosos no trato. Mas não sei ser assim e não acho bom ser assim. Se alguém tiver que magoar que seja o outro e não eu. Prefiro ter a consciência tranquila de ter feito minha parte. Às vezes a pessoa está passando por um problema até maior que o meu e não sabe administrar. Aí descarrega a tensão no primeiro que aparece. E no caso, fui eu.

Pensei então em escrever uma carta para o médico e mandar pelo correio. Ela não poderia interceptar uma correspondência endereçada a ele. Quem sabe ele seria mais sensato, até pra dizer não?

Mas resolvi tentar a médica que estava de licença. Ai, meu Deus, não é que a secretária atendeu???? Ela voltou? - perguntei. Sim, mas está atendendo poucos pacientes. Implorei para marcar uma consulta pelo menos, para ter uma segunda opinião.  CONSEGUI!  CONSEGUI!!!!!!!

No dia, carreguei uma bolsa com todos os exames de sangue, chapas, receitas dos medicamentos desde o início e lá fui para a consulta.

Quando entrei logo expliquei a história acima de forma resumida. Pedi desculpas por estar falando de um colega dela mas precisava justificar minha atitude. Ela me consolou dizendo que aquele médico era assim até mesmo com ela. Nos congressos mantém-se distante. 


Fiquei duas horas na consulta. Explicou-me tudo, viu todos os meus exames, analisou, avaliou e saí de lá com uma satisfação incrível. Finalmente teria uma companheira, em quem pudesse confiar. 


Na sala de espera já encontrei outros pacientes oriundos também do mesmo médico que me tratou mal. Estavam lá pelas mesmas razões. Uma delas ainda completou dizendo que levantou-se enérgica e lhe disse, recolhendo seu material
- Sou uma mulher de 50 anos e não permito que o senhor se dirija a mim desse jeito. E saiu em passos firmes para não mais voltar.


Há médicos que precisam muitas vezes passar a ser pacientes para enfim entender o que é estar do outro lado, fragilizado pelo futuro incerto diante de uma doença cuja estrada será dolorosa e aflita.


Quando puderem, leiam o livro do pesquisador e neuropsiquiatra francês David Servan-Schreiber, que passou de médico a paciente e sentiu na pele o quanto influi a atitude do médico em relação ao paciente: 


Livro: “Anticâncer – Prevenir e Vencer Usando Nossas Defesas Naturais”. Serve também para qualquer pessoa. Lá ele conta sua própria experiência.

 Vejam o resumo:

Um exame de ressonância magnética. Um tumor no cérebro, seis meses de sobrevida. Esse foi o diagnóstico e o prognóstico que o pesquisador e neuropsiquiatra francês David Servan-Schreiber recebeu, atônico, numa tarde ensolarada. Disposto a conhecer a fundo os processos da enfermidade para então derrotá-la, desenvolveu todo um trabalho de experimentação associando medicina tradicional a uma alimentação pensada e saudável. Após quinze anos e a superação de um segundo tumor, compartilha conosco sua experiência pessoal neste livro.

Ele mesmo era médico oncologista e dava aulas na Faculdade de Medicina. De cara podia diagnosticar precisamente sua condição. Mas foi buscar o tratamento com colegas em quem ele confiava. Aí vem a constatação da doença: de médico a paciente, aprendeu o que é estar doente e não sentir o apoio, a compreensão daquele de quem esperava muito não na orientação porque ela sabia de cor o caminho das pedras. Precisava de apoio e sentiu-se abandonado.

E para pensar:


Boas reflexões!


sexta-feira, 2 de julho de 2010

Labrador avisa menina diabética quando taxa de açúcar se altera

Publico aqui esta matéria para que nos consolemos com nossas doenças. São tantas doenças e tantas pessoas doentes que a gente aprende a aceitar a nossa forma de adoecer, pedindo coragem a Deus para passar pelas provas que a doença e o tratamento nos trazem não só para nós mas também para todos os que neste mundo estejam passando por dores e aflições de qualquer natureza.  Nossa doença não tem cura, mas tem tratamento. Suavizar a dor é divino.

Cadela Shirley já evitou que a britânica Rebecca Farrar, de 6 anos, entrasse em colapso por queda do nível de açúcar no sangue.

BBC
A cadela Shirley e a menina Rebecca.A cadela Shirley e a menina Rebecca. (Foto: BBC)
Um cão labrador treinado para detectar a queda do nível de açúcar no sangue de seres humanos vem ajudando uma menina britânica de seis anos a evitar entrar em coma por causa de diabetes.
A cadela Shirley é um dos dez cães treinados pela entidade beneficente Cancer & Bio-detection para alertar diabéticos quando sua condição se deteriora e mora há quatro meses com a pequena Rebecca Farrar, que tem diabetes tipo 1.
"Ela salva a minha vida", diz Rebecca, que é a primeira criança a receber um cachorro para detectar sua doença. "Ela é minha melhor amiga."


Shirley é capaz de sentir uma mudança de odor exalado pelo corpo de Rebecca quando sua taxa de açúcar cai ou sobe a níveis alarmantes.
O cheiro não é detectado por seres humanos e é um sinal emitido pelo corpo antes de outros mais aparentes, como palidez.
Ela então começa a lamber os braços e as pernas da menina para alertá-la. Dessa forma, a menina ou sua mãe têm condições de tomar providências para evitar um colapso.

Rebecca e a cadela Shirley.Rebecca e a cadela Shirley. (Foto: BBC)
"Shirley percebe (a queda no nível de açúcar) bem rapidamente e começa a lamber as mãos e pernas de Rebecca até ela tomar uma Coca-cola ou ingerir açúcar, que elevam seus níveis de açúcar novamente. Quando a taxa está muito alta, Shirley também sente e dá o alerta", explica a mãe de Rebecca, Claire.
A mãe lembra de um episódio em que ninguém percebeu que a taxa de açúcar de Rebecca estava caindo até Shirley dar o precioso alerta.
"Nós não tínhamos ideia de que ela estava com a taxa de açúcar baixa. Ela estava dançando em um clube com seu irmão-gêmeo, Joseph, e quando os dois voltaram à mesa para tomar algo, Shirley começou a lamber as mãos de Rebecca. O kit de primeiros-socorros estava embaixo da mesa e Shirley foi até lá e pegou um exame de nível de açúcar", conta Claire.
"Ela deu o exame a Rebecca e começamos a desconfiar que tinha algo de errado. Fizemos o teste, e o nível estava bem baixo. Se eu não tivesse Shirley, Rebecca teria entrado em colapso. E quando isso ocorre, ela entra em um sono tão profundo que se tentamos colocar açúcar em sua boca, ela engasga."
A presença de Shirley na casa também tornou a vida de toda família mais fácil.
"Ela tinha um colapso a cada dois dias. Às vezes eu a socorria apenas pouco antes de ela entrar em um colapso muito sério, outras vezes eu tinha de chamar a ambulância", conta Claire.
"Mas agora temos Shirley e ela detecta a queda no nível de açúcar antes de Rebecca perceber o problema."
Claire conta que também consegue ter noites de sono mais tranquilas, sem medo de a filha ter algum problema durante a noite, como ocorria antes de Shirley dormir ao lado da cama de Rebecca.
A entidade beneficente que deu Shirley à família treina cachorros para detectar todo tipo de doença, incluindo câncer.
"O que nós descobrimos nos últimos cinco anos é que cães são capazes de detectar doenças humanas pelo odor. Quando a nossa saúde altera, temos uma pequena alteração no odor do corpo. Para nós é uma mudança mínima, mas para o cachorro é fácil de notar", diz ClaireGuest, da organização Cancer & Bio-detection.