domingo, 23 de agosto de 2009

RELATÓRIO 14

Bem, passei um longo tempo sem poder escrever. Viajei, trabalhei e senti muitas dores. Hoje, 23 de agosto, um domingo ensolarado mas ainda muito frio, me trouxe disposição para escrever, sair, me movimentar, o que aproveito intensamente. Os últimos 10 dias foram de total reclusão. As dores intensas (poliartrite) me tiraram o ânimo para tudo. Mal levantava. Dormia mal porque os analgésicos reduziam a dor mas ainda era muito forte. Não conseguia levantar os braços além da altura do seio, os joelhos latejavam, os calcanhares queimavam, a mandíbula doía tanto que até para comer fazia grande esforço, as mãos, nossa, vou parar por aqui porque tudo, tudo, tudo doía muito. Saía me arrastando, curvada, para fazer as mínimas necessidades. Aproveitei para ler no computador, já que segurar qualquer livro ou revista era impossível. Vi alguns filmes, assisti palestras interessantes, documentários, procurando passar esses dias de hibernação sem muito reclamar. Alimentei-me bem e deleguei tarefas sem me importar se faltava algo na geladeira. Tudo bem. Come-se arroz com ovo. Sem frutas? Não vou morrer por causa desse jejum. O dia em que um dos meus familiares se animar em ir ao supermercado teremos algo mais. Jurei para mim mesma que não vou ficar com pena de ninguém nem de mim mesma. Cada um sabe as necessidades de todos. Se ficarem na minha dependência, esperarão até que melhore. Sentir dores é chato, ficar isolada também. Mas aproveito o tempo para fazer o que na correria do dia a dia não posso. Estou curtindo o lado bom da doença. Já que não posso fazer "A", faço "B". E assim não fico deprimida. Assisti a uns documentários sobre várias doenças e fico feliz por ver que, comparando com outras pessoas, minha dor ainda é pequena, perto de tantas outras dores e sofrimentos. Como não agradecer a Deus a oportunidade de ter a doença só agora aos 58 anos? Soube de uma conhecida que tem uma neta que desde pequena a doença se manifestou e por erro médico, somente aos 21 foi diagnosticada corretamente. E agora, com 22 perdeu os movimentos das mãos. Tão nova!!! E o sofrimento dos pais? Eu só comecei agora! Pude fazer muita coisa boa quando não tinha limitações. Estudei, trabalhei, criei filhos e uma neta, cuidei de meu marido doente, ajudei tanto outras pessoas, trabalhei e trabalho ainda como voluntária desde que me entendo por gente...então...só agora...não tenho do que reclamar, meu Deus! Só agradecer com louvor: MUUUUIIITTTO OBRIGADA!!!!!!!! E é com grande alegria que procurei curtir esses dias de dores intensas, para me distrair, me divertir rindo com comédias e outras matérias. Sair da tristeza para a alegria mesmo com dores e impossibilidades. É assim que penso e ajo. Aguardando por dias melhores.

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